A Queda do Clã: Eduardo Bolsonaro e Ramagem são Cassados e Destino pode ser a Prisão

O cenário político em Brasília foi sacudido por um terremoto de proporções históricas nesta semana. Em uma decisão que redefine os rumos da oposição e do chamado “centrão”, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, assinou a cassação dos mandatos de Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem. O anúncio, que ecoou como um trovão nos corredores do Congresso, marca o que muitos especialistas já chamam de “o fim de uma era de impunidade” para figuras centrais do bolsonarismo. A notícia não apenas retira o foro privilegiado de peças-chave da direita, mas também aciona um cronômetro perigoso: com a perda do mandato, a sombra da prisão torna-se uma realidade imediata e palpável.

Câmara enfrenta dilema político ao analisar perda de mandato de Eduardo  Bolsonaro e Ramagem – Noticias R7

O Efeito Dominó de Hugo Motta

A decisão de Hugo Motta não foi tomada no vácuo. Ela surge após uma semana de intensas negociações e derrotas políticas que deixaram o presidente da Câmara em uma posição delicada. Após falhar na tentativa de cassar Glauber Braga — uma articulação que visava agradar seu padrinho político, Arthur Lira — e de ver a extrema-direita se rebelar no caso de Carla Zambelli, Motta precisou agir para não perder sua autoridade perante o Supremo Tribunal Federal (STF).

O caso de Carla Zambelli, inclusive, serviu de alerta. Condenada a mais de 15 anos de prisão, Zambelli teve sua perda de mandato determinada sumariamente pelo ministro Alexandre de Moraes, após a Câmara hesitar em cumprir a jurisprudência. Para evitar ser novamente humilhado por uma intervenção direta do Judiciário e para não “apequenar” a Câmara, Hugo Motta decidiu tomar a frente e assinar as cassações de Eduardo e Ramagem antes que o STF o fizesse.

As Faltas Injustificáveis e a “Liderança à Distância”

No caso de Eduardo Bolsonaro, o motivo formal para a cassação foi o excesso de faltas não justificadas. Segundo as regras da Casa, um parlamentar pode faltar a até um terço das sessões sem justificativa. Eduardo, contudo, ultrapassou a marca de dois terços de ausência este ano. A defesa do deputado tentou argumentar que ele, na condição de “líder da minoria”, estaria isento do registro de presença. Entretanto, a Mesa Diretora entendeu que a liderança não é um salvo-conduto para o abandono do cargo.

Enquanto as sessões ocorriam em Brasília, o parlamentar era frequentemente visto nos Estados Unidos, postando fotos em parques de diversão, eventos de luxo e jantares de gala. “Não dá para ser líder dos Estados Unidos; o líder tem que estar aqui”, teria dito Motta nos bastidores. O entendimento jurídico foi claro: a ausência física constante, sem motivo de força maior, configura quebra de decoro e abandono de função.

O Fator Trump: O Acordo que Mudou Tudo

Um dos pontos mais surpreendentes desta reviravolta envolve a política internacional. Eduardo Bolsonaro sempre se vendeu como o “embaixador” da direita brasileira nos EUA, ostentando uma suposta proximidade com Donald Trump que lhe garantiria proteção. No entanto, fontes diplomáticas indicam que o governo dos Estados Unidos já sinalizou ao Palácio do Planalto que não interferirá em questões judiciais brasileiras.

Mais do que isso: o governo Trump, em uma manobra de realpolitik, parece ter priorizado a relação comercial com o governo Lula, retirando tarifas de produtos brasileiros em troca de uma diplomacia mais estável. Nesse tabuleiro, Eduardo e Ramagem tornaram-se peças descartáveis. A confirmação de que os EUA não servirão de refúgio para políticos com mandados de prisão expedidos pelo Brasil caiu como uma bomba no clã Bolsonaro.

Arquivos Donald Trump - Relatório Reservado

Interpol e a Sombra da Prisão

Com a cassação efetivada, Alexandre Ramagem e Eduardo Bolsonaro perdem a proteção do mandato. Para Ramagem, que já possui condenações em curso, a situação é crítica. A Polícia Federal já está reunindo a documentação necessária para incluí-lo na lista da Interpol (Difusão Vermelha). Uma vez no sistema, ele pode ser detido em qualquer aeroporto ou território internacional e extraditado imediatamente para o Brasil.

Eduardo Bolsonaro, por sua vez, enfrenta um destino semelhante. O ministro Alexandre de Moraes, relator de processos que envolvem o deputado, deve negar os últimos recursos da Defensoria Pública em breve. A expectativa jurídica é que, entre março e maio deste ano, Eduardo receba sua condenação definitiva. Sem o cargo de deputado para protegê-lo, a ordem de prisão pode ser questão de tempo.

O Destino de Carla Zambelli na Itália: Um Aviso aos Navegantes

Para quem acredita que o exílio é uma solução confortável, o caso de Carla Zambelli serve de espelho. Atualmente presa na Itália, a ex-deputada estaria vivendo dias de verdadeiro terror. Relatos indicam que ela está detida em uma unidade de segurança máxima ao lado de integrantes da máfia italiana, sem acesso às regalias que teria no sistema prisional brasileiro (como a Papuda).

A tentativa de usar sua cidadania italiana como escudo falhou, pois a justiça local entendeu que o vínculo foi utilizado apenas para fugir de responsabilidades criminais no Brasil. Se Eduardo e Ramagem seguirem o caminho da fuga internacional, o exemplo de Zambelli mostra que o “pão que o diabo amassou” pode ser a única dieta disponível.

Conclusão: O Grande Dia Chegou?

A cassação de Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem não é apenas uma vitória política para seus adversários, mas um teste de resistência para as instituições democráticas brasileiras. O “Grande Dia”, termo muitas vezes usado ironicamente pelos apoiadores do antigo governo, parece ter finalmente chegado para aqueles que acreditavam estar acima da lei.

Enquanto a esquerda e os defensores da democracia celebram a progressão das investigações, o Brasil observa atento os próximos passos da Polícia Federal e do STF. A política brasileira, sempre imprevisível, deu um passo decisivo rumo à responsabilização criminal de seus atores mais polêmicos.