Existem segredos que as paredes guardam e inocências que se perdem entre lençóis de linho fino e mãos que nunca deveriam ter se tocado. Esta é a história de uma moça de 19 anos que não sabia nada sobre o próprio corpo, até que pediu para um escravo lhe ensinar o que as mulheres casadas sabiam.

Seu nome era Clara e ela vivia na fazenda Três Palmeiras, no interior de Pernambuco, no ano de 1842. Era filha única do Major Anselmo Braga, homem severo e religioso, que governava a casa com mão de ferro, e a Bíblia sempre aberta sobre a mesa, clara fora criada entre rezas, bordados e silêncio. Nunca tinha conversado com homem que não fosse da família.

Nunca tinha saído sozinha do quarto sem companhia. Nunca tinha visto nada além dos muros altos da fazenda. Mas dentro daquela moça quieta e obediente havia uma curiosidade que ardia como brasa escondida. Uma curiosidade sobre o que acontecia entre homem e mulher, sobre o que faziam as escravas quando desapareciam com os feitores, sobre porque as mulheres casadas sussurravam e riam baixinho quando falavam da noite de Núcias.

E foi essa curiosidade que a levou até Tomé. E foi Tomé que a ensinou. E foi essa lição que custou sangue e fogo. A fazenda. Três palmeiras era uma das mais ricas da região. Produzia açúcar e algodão em terras que se estendiam até onde a vista alcançava. O major Anselmo era viúvo há 10 anos desde que a esposa morrera, trazendo ao mundo criança natorta.

Desde então criara a filha com rigidez de soldado e fervor de fanático, religioso. Clara não podia ler romances, não podia ouvir música que não fossem hinos sacros, não podia usar vestidos que mostrassem os ombros ou o colo, não podia rir alto, não podia questionar. Vivia como noviça em convento, mesmo estando dentro da própria casa.

Aos 19 anos, estava prometida em casamento para um primo distante de 40 anos. que o pai escolhera, um homem que ela vira apenas duas vezes e que olhava para ela como quem olha para a potranca que se compra no leilão. O casamento seria dali a se meses. E Clara sentia um pavor crescente, pavor de entregar seu corpo para aquele homem estranho, sem sequer entender o que ia acontecer.

Pavor de ser tocada por mãos que não conhecia. Pavor da dor que as escravas sussurravam existir na primeira vez. Se essa história já começou a te apertar o coração, deixa teu like e comenta o que sentiu, porque isso ajuda essa memória a continuar viva. Foi numa tarde quente de março que Clara viu Tomé pela primeira vez de verdade.

Ele estava no pátio consertando a roda de uma carroça. Tinha 22 anos, era alto, magro e tinha dedos longos e hábeis que trabalhavam a madeira com precisão. A pele era escura como ébano polido e tinha no rosto uma beleza tranquila que contrastava com a brutalidade da vida que levava Tomé. Era diferente dos outros escravos.

Tinha sido comprado de uma fazenda onde o antigo Senhor permitira que aprendesse ofícios. Sabia trabalhar madeira, sabia consertar ferramentas, sabia ler e escrever, embora escondesse isso do major que odiava escravo letrado. Clara parou na janela do segundo andar. e ficou observando ele trabalhar. Viu suores escorrendo pelo pescoço dele, viu os músculos dos braços se contraindo, viu as mãos fortes e, ao mesmo tempo delicadas, manipulando as ferramentas, e sentiu algo estranho no fundo do ventre, algo que nunca tinha sentido, uma espécie de calor que subia pelas coxas e

se espalhava pelo corpo todo. Ela não entendia o que era aquilo. só sabia que não conseguia parar de olhar. Os dias seguintes foram uma tortura silenciosa. Clara começou a inventar desculpas para passar pelo pátio para estar perto de onde Tomé trabalhava. Ela o observava de longe, sempre escondida, sempre quieta, e Tomé percebia.

Sentia o peso daquele olhar. Sabia que era perigoso. Sabia que uma moça branca, olhando para ele daquele jeito, só podia terminar em desgraça. Mas ele também olhava. Quando achava que ninguém via ele, levantava os olhos e procurava ela. E quando os olhares se cruzavam, algo passava entre os dois. Algo que não precisava de palavras, algo que era pura química e perigo.

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Foi clara quem tomou a iniciativa. Numa noite em que o pai viajara para a capital e a casa estava silenciosa, ela desceu as escadas descalça, usando apenas a camisola branca de dormir. Atravessou o pátio escuro, foi até o Casebre, onde Tomé dormia sozinho porque era artesão e tinha privilégio de não dormir amontoado com os outros na cenzala.

bateu na porta de madeira tosca. Tomé abriu e quando viu quem era, sentiu o sangue gelar. Tentou dizer que ela não podia estar ali, que era loucura que se alguém visse ele seria morto. Mas Clara entrou e fechou a porta atrás de si. olhou para ele com aqueles olhos claros, cheios de uma mistura de medo e determinação, e disse, com voz trêmula, que precisava que ele lhe ensinasse, que estava para casar e não sabia nada, que tinha medo,que não queria ir para a cama do marido, como um cordeiro para o matadouro, que escolheu ele porque via bondade nos

olhos dele, porque confiava nele, porque achava que ele seria gentil. Tomé ficou parado sem saber o que fazer. Sabia que aquilo era uma armadilha, que se tocasse nela seria sua sentença de morte. Mas quando Clara deu um passo à frente e colocou a mão trêmula sobre o peito dele, algo dentro dele se quebrou.

Ela era tão jovem, tão assustada, tão inocente e, ao mesmo tempo, tão corajosa por estar ali. Tomé segurou a mão dela, segurou com delicadeza e perguntou se ela tinha certeza. Clara disse que sim. Disse que queria entender, queria saber. Queria que a primeira vez que alguém a tocasse fosse com gentileza e não com brutalidade.

Tomé respirou fundo. Sabia que estava selando o próprio destino, mas naquele momento não conseguiu recusar. Ele a ensinou devagar, com uma paciência infinita. começou apenas segurando as mãos dela, depois tocou o rosto dela, passou os dedos pelos cabelos louros que caíam soltos pelos ombros, beijou a testa dela, as bochechas, finalmente os lábios.

E quando Clara tremeu inteira contra ele, sentiu que ela era como um pássaro assustado que poderia voar. A qualquer momento, ele a deitou no catre estreito, tirou a camisola dela devagar, perguntando a cada segundo se ela queria continuar. E Clara dizia que sim. Dizia com a voz embargada, com o coração disparado, com o corpo inteiro em chamas.

Tomé tocou ela como ninguém nunca tinha tocado. Tocou com reverência, com cuidado, com uma ternura que Clara não sabia que podia existir. E quando finalmente ele se deitou sobre ela e a fez mulher, Clara chorou. Chorou de dor, chorou de alívio, chorou de uma emoção tão grande que não tinha nome. Aquela primeira noite virou duas, depois três.

Depois Clara ia toda a noite que o pai viajava. E o que tinha começado como curiosidade virou outra coisa. Virou carinho, virou intimidade, virou algo perigoso que nenhum dos dois queria nomear, mas que ambos sentiam clara começou a viver para aquelas noites. Começou a contar os dias até a próxima viagem do pai. Começou a olhar para Tomé durante o dia e sentir uma saudade física que doía. E Tomé estava perdido.

Sabia que era loucura. Sabia que estava cavando a própria cova, mas não conseguia parar. Não conseguia deixar de esperar por ela. Não conseguia deixar de sentir o peito apertar quando via ela. Estava se apaixonando e isso era mais perigoso que qualquer outra coisa. E agora, se essa história está te sufocando de angústia, curtiu e comenta, porque eu preciso saber que você está aqui vivendo isso comigo.

Levou qu meses até alguém desconfiar. Foi uma escrava velha chamada Joana, que viu Clara atravessando o pátio uma noite. Viu a camisola branca brilhando no escuro. Viu para onde ela ia e sentiu o sangue gelar. Joana sabia o que aquilo significava. Sabia que a moça estava cavando a cova, não só dela, mas de Tomé também.

Pensou em contar para o major, pensou em impedir, mas tinha um carinho por Tomé, que era como de mãe. Então, foi até ele no dia seguinte, disse que precisava parar. que iam descobrir que quando descobrissem ele seria morto da pior forma possível. Tomé sabia que ela tinha razão, sabia que precisava terminar aquilo. Mas quando a noite chegou e Clara apareceu na porta dele com aqueles olhos brilhando, não conseguiu dizer não.

Não conseguiu mandar ela embora. estava preso, estava condenado e sabia disso. O major voltou de viagem uma semana antes do previsto. Chegou no meio da noite, cansado e mal humorado. Foi direto ao quarto da filha para dar boa noite, como sempre fazia. Mas o quarto estava vazio, a cama intocada, a janela aberta. O major sentiu algo gelado descer pela espinha.

Acordou os escravos domésticos, perguntou onde estava. zinha. Ninguém sabia ou fingiam não saber. Ele pegou uma lamparina, saiu pelo pátio, foi vistoriando os casebres e quando chegou no casebre de Tomé e empurrou a porta que não estava trancada, viu algo que fez o mundo parar. Sua filha, sua clara, pura e virgem, que estava prometida em casamento, nua, deitada nos braços de um escravo, os dois adormecidos, entrelaçados, suados.

O major não gritou. Não fez barulho, apenas ficou parado na porta com a lamparina tremendo na mão. Ficou olhando para aquela cena com uma frieza que era mais assustadora que qualquer fúria. Depois saiu, fechou a porta, trancou por fora e foi acordar os feitores. Quando Clara e Tomé acordaram, já era tarde demais.

Ouviram os gritos lá fora, ouviram o barulho de correntes, ouviram a voz do major ordenando. Tomé se levantou rápido, tentou abrir a porta, estava trancada. Clara começou a chorar, começou a gritar que era culpa dela, que ela tinha pedido, que ela tinha ido até ele, que Tomé não tinha culpa de nada, mas ninguém estava ouvindo.

A porta foi arrombada. Quatro homens entraram, agarraram Tomé. Ele não resistiu. Sabiaque seria pior se resistisse. Apenas olhou para Clara uma última vez. Olhou com aqueles olhos fundos onde ela sempre tinha visto bondade. E Clara viu ali. Não raiva, não culpa, apenas uma tristeza infinita. Os homens arrastaram Tomé para fora.

Clara tentou seguir, mas o pai a segurou pelo braço com força, olhou para ela com um ódio tão puro que ela recuou e disse com voz baixa e gelada que ela tinha se tornado que tinha se deitado com animal, que tinha deshonrado o nome da família que estava morta para ele. O major mandou amarrar Tomé no pelourinho no meio do pátio.

Mandou reunir todos os escravos para assistirem. Queria que fosse lição. Queria que todos vissem o que acontecia com o escravo que tocava em mulher branca. Tomé foi chicoteado até a carne das costas virar papa sangrenta. Foram 100 chibatadas. Clara estava trancada no quarto, mas ouvia os gritos. Ouvia o som do chicote cortando a carne.

Ouvia e morria por dentro. gritava e socava a porta, pedindo que parassem, pedindo que o pai matasse ela e não ele, mas ninguém ouvia. Depois das 100 chibatadas, o major mandou que colocassem sal nas feridas, mandou que amarrassem Tomé no tronco e o deixassem ali sob o sol até morrer de dor e sede. Mas Tomé não morreu rápido.

Levou três dias, três dias agonizando sob o sol, enquanto as moscas se alimentavam das feridas abertas. Três dias em que Clara foi obrigada a assistir da janela, o pai abriu as cortinas e a obrigou a olhar. Disse que aquilo era a obra dela, que aquele sangue estava nas mãos dela. No terceiro dia, Tomé finalmente morreu. Morreu com os olhos abertos, olhando para a janela onde Clara estava.

Morreu ainda a amando, ainda sem culpar. Lá, quando o corpo foi tirado do tronco e jogado numa vala rasa, sem cruz, sem reza, sem nada, Clara não chorou mais. Tinha chorado tudo que tinha para chorar estava, estava oca, estava morta por dentro. O major cancelou o casamento, disse ao primo que a noiva estava doente, que tinha ficado louca, que não servia mais.

Trancou Clara num quarto no alto da casa, um quarto pequeno e escuro, sem janelas. Apenas uma fresta no teto, por onde entrava um fio de luz. Clara ficou ali por se anos. Se anos sem ver o sol, sem ver gente, apenas uma escrava velha que levava comida uma vez por dia e não podia falar com ela. Se anos vivendo com a lembrança do corpo de Tomé, apodrecendo sob o sol, se anos enlouquecendo aos poucos.

Quando o major morreu em 1848, Clara foi encontrada por primos distantes que vieram fazer inventário. Encontraram ela deitada no chão daquele quarto escuro. Não se movia, não falava, apenas ficava de olhos abertos, olhando para o nada. Tentaram tirá-la de lá, mas ela gritava, gritava como animal ferido. Então a deixaram.

Deixaram comida e água e foram embora. Clara viveu mais dois anos naquele quarto. Viveu comendo pouco, bebendo pouco, vivendo apenas na memória daquelas noites com Tomé, vivendo no cheiro dele, no toque dele, na ternura dele. E quando morreu em 1850, com apenas 25 anos, dizem que tinha um sorriso no rosto, um sorriso pequeno e triste, como se finalmente tivesse encontrado ele de novo, como se finalmente estivesse livre.

A fazenda Três Palmeiras foi abandonada anos depois. Virou ruína. As paredes desmoronaram. O mato tomou conta, mas dizem que se você passar por lá numa noite de lua nova, ainda houve. Ouve o som de chicote cortando carne, houve gritos de dor. Houve choro de moça. E se olhar bem para a ruína do que foi a casa grande, diz que se vê na janela do último andar uma sombra branca.

Uma sombra que fica ali parada, olhando para o pátio, olhando para onde estava o pelourinho, esperando, sempre esperando. E se essa história falou com teu coração, se inscreve no canal, me segue e compartilha e me conta nos comentários de onde você está me ouvindo, de qual cidade, de qual estado, porque eu quero saber que essa memória está viva em cada canto desse Brasil que guarda tantas dores.