NÃO DÁ TRÉGUA: RANDOLFE DISPARA CONTRA ALCOLUMBRE E FAZ BOLSONARISTAS ENGOLIR SECO A DOSIMETRIA

 

Em uma sessão de tirar o fôlego no Senado, o senador Randolfe Rodrigues não poupou palavras ao se posicionar contra a proposta que visa a revisão da dosimetria das penas dos envolvidos no golpe de 8 de janeiro. Em uma fala contundente, o parlamentar fez duras críticas àqueles que tentam passar a mão na cabeça dos golpistas, especialmente em um momento histórico em que a democracia está sendo atacada de todas as frentes.

Randolfe não se calou. A pressão aumentava à medida que ele se dirigia à tribuna, apontando para a traição que estava sendo cometida contra os princípios da Constituição e o Estado democrático de direito. Em um discurso inflamado, o senador relembrou o compromisso da Constituição de 1988 com a proteção do bem maior de um país livre: o direito à democracia.

A CONSTRUÇÃO DO GOLPE

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“Isso não começou com o 8 de janeiro”, disparou Randolfe, ressaltando que o que aconteceu naquele fatídico dia foi apenas o ponto final de uma longa construção de um golpe de Estado. Para ele, os eventos não foram isolados, mas parte de uma trama orquestrada desde a eleição de 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro não reconheceu a vitória eleitoral e iniciou uma série de ações para minar a legitimidade do novo governo.

“Foi uma conspiração que começou quando o presidente não reconheceu o resultado da eleição e terminou com ataques às instituições democráticas”, destacou Randolfe, lembrando também o bloqueio das rodovias, a tentativa de intervenção das Forças Armadas e a violência nas portas de quartéis. Para ele, o que ocorreu no Brasil foi um processo sistemático de desestabilização, que culminou nos atos de 8 de janeiro.

UMA PROPOSTA INACEITÁVEL

 

Em seguida, Randolfe se voltou contra a proposta de revisão da dosimetria, que ele considera um “golpe de misericórdia” contra a democracia. O projeto, que tinha como um dos principais beneficiários os envolvidos no ataque ao STF e outros criminosos de alto escalão, é visto por muitos como uma forma de anistiar aqueles que conspiraram contra o país. “Isso é um erro histórico, uma mancha na nossa democracia”, afirmou.

Ele comparou a proposta a uma tentativa de reviver a anistia de 1979, que, segundo ele, acabou permitindo que torturadores e golpistas se livrassem de suas penas e continuassem a exercer poder no país. “Não podemos cometer os mesmos erros do passado”, disse Randolfe, lembrando que, em 1979, muitos dos responsáveis pelas atrocidades durante a ditadura militar foram perdoados, o que resultou em décadas de impunidade.

UMA CRISE NO SENADO

 

Randolfe não economizou críticas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e ao líder da Casa, Davi Alcolumbre, ao apontar que muitos estavam tentando passar uma “amnistia” por baixo dos panos. “O que está acontecendo aqui é um insulto à democracia”, afirmou Randolfe, chamando de “vergonha” a tentativa de beneficiar os golpistas. Para ele, esse tipo de comportamento é uma afronta ao povo brasileiro, que lutou para garantir a liberdade e a justiça em 1988.

A sessão foi marcada por momentos tensos. O senador não poupou os colegas que estavam ao lado do projeto, chamando-os de traidores da democracia. “Nós estamos falando de um golpe, e não de um erro isolado. Um golpe que teve planejamento, organização e apoio de altos setores do governo”, afirmou, sendo aplaudido por outros senadores que compartilham da mesma visão.

A RESPOSTA DA OPOSIÇÃO

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O impacto de suas palavras não demorou a ser sentido. Vários membros da oposição, principalmente do campo progressista, se manifestaram de maneira veemente contra a proposta de mudança da dosimetria, dizendo que ela favoreceria aqueles que atacaram as instituições democráticas do país. Para eles, o foco deveria ser na punição dos responsáveis, e não na revisão das penas.

Por outro lado, os apoiadores da proposta tentaram justificar suas ações, alegando que uma revisão das penas seria necessária para equilibrar a justiça. No entanto, a argumentação não foi suficiente para calar os críticos, que continuam a afirmar que a revisão das penas representa uma concessão indevida aos golpistas.

O IMPACTO POLÍTICO E SOCIAL

 

O que parecia ser uma simples sessão no Senado acabou se tornando um marco político. Randolfe, com sua postura firme, mostrou ao país que a luta pela democracia não pode ser facilmente desfeita. A proposta de revisão da dosimetria se tornou um símbolo do que está em jogo: a resistência contra a impunidade, o fortalecimento da democracia e o compromisso com a justiça.

O discurso de Randolfe ressoou não apenas nas paredes do Senado, mas também nas ruas do Brasil. Nas redes sociais, o apoio a ele aumentou, enquanto a oposição se uniu em um clamor por justiça. “É a hora de se posicionar contra os golpistas”, disse um dos comentários nas redes sociais, refletindo o sentimento de muitos que acompanharam o discurso.

A LUTA CONTINUA

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Randolfe concluiu seu discurso com um apelo à união dos progressistas. “Se não tivermos coragem de enfrentar esses inimigos da democracia, o Brasil ficará à mercê daqueles que querem destruir tudo o que conquistamos”, afirmou, deixando claro que a luta não terminou naquele momento.

O Senado segue dividido, e o debate sobre a dosimetria continua. Mas uma coisa é certa: a postura de Randolfe trouxe à tona um problema maior, um dilema ético e político que o Brasil terá que resolver: a questão da justiça para os golpistas e a preservação da democracia.

A partir de agora, todos os olhos estarão voltados para o Senado e o andamento deste projeto. O que acontecerá a partir desse momento definirá o futuro da política brasileira e, mais importante, o futuro da justiça no país.